O atual Mercado Cultural Professor Arnaldo Rodrigues, está totalmente ligado a história da evolução urbana de Araruna, no que tange seu desenvolvimento, pois foi esta edificação que contribuiu com o progresso da cidade na primeira metade do século XX. Este logradouro público foi construído com a designação de ser o Mercado Público da cidade, e foi esta finalidade que exerceu por muitas décadas após sua construção.
Nos primeiros anos do século XX, foi erguido o primeiro mercado público de Araruna, idealizado pela família Targino, grupo influente politicamente no município, capitaneada pelos irmãos Pedro Targino Pereira da Costa (Major Pedro Targino) e Targino Pereira da Costa (Coronel Gino), só que para que realmente este projeto saísse do papel, foi de crucial importância, a determinação do misto de advogado e engenheiro José Amâncio Ramalho, e por mais que pese a participação dos Targino na construção do Primeiro Mercado, foi pelas mãos de Amâncio que a construção aconteceu.
Para Amâncio, Araruna tinha que sair do estado de inércia em que se encontrava, e buscar novo fôlego para crescer, e foi realmente isso que aconteceu, a paisagem urbana primitiva, saindo de seus arruados mal dispostos e foram aos poucos dando lugar a uma paisagem organizada com um alinhamento de ruas projetadas, além de sair do marasmo econômico em que se encontrava a então vila de Araruna.
Deste modo, o prefeito da época, Sebastião Soares Cabral (1907/1909), influenciado pelo grupo político Targino, aceitou o desafio de construir este prédio, a prefeitura porém, só dispunha de 8 dos 30 contos de réis necessários á obra, assim, Amâncio custeou os demais 22 contos de réis faltantes, em troca de 10 anos de aluguel do prédio.
Aproveito o espaço para exaltar a importância histórica de José Amâncio Ramalho, construtor do velho mercado de Araruna, pois foi com esta bem feitoria que em muito a cidade progrediu, no entanto, não existe sequer uma homenagem pública em seu nome, denominando uma rua ou outro tipo de lembrança. A mesma se faria muito justa, para que as futuras gerações saibam de sua existência e importância.
A alegria para construção do Velho Mercado que iniciou em 1908, trouxe esperança para toda população ararunense, assim como nos conta Humberto Fonseca de Lucena:
Conta-se, em Araruna, que todo o povo, em grande animação, carregou pedras para a construção do mercado. Esse entusiasmo contribuiu para abreviar os trabalhos, cuja duração ocupou todo o resto de 1908 e prolongou-se por quase todo o ano seguinte, quando a obra foi dada por concluída com a chegada dos portões de ferro procedentes da Europa. Restavam o reboco e a pintura. Na verdade, faltava pouco. (LUCENA, 1996, p.67).
O mercado então, construído, foi inaugurado aos 7 de setembro de 1909, data que consta em seu brasão no topo de sua fachada frontal. Assim, a urbanização da cidade aconteceu, o comércio se deslocou para o entorno do mercado, a feira-livre junto, além do aformoseamento da urbe, com a construção de novas casas em seu redor, um marco para o município.
E assim foi por longos 59 anos, o prédio sendo utilizado como mercado público, até que o mesmo foi desativado no ano de 1966 pelo prefeito Targino Pereira da Costa Neto, que construiu um novo mercado público para cidade, com a abertura da avenida Benedito Fialho, o qual é utilizado até hoje. Com isto, o “Velho Mercado” perdeu sua função, e ficou sem destinação por muito tempo, tendo grande parte do comércio em seu redor, migrado aos poucos, para junto do novo mercado, a administração municipal á época, o usou como garagem por algumas ocasiões, e pretendiam transformá-lo em sede da prefeitura de Araruna, mais não foi isso que aconteceu.
No ano de 2000, o “Velho Mercado” que tanto serviu a Araruna, foi restaurado, sendo salvo do estado de degradação avançada e desempenharia uma nova função, ganhou um novo título concebido por um projeto de lei, do então vereador Vital da Costa Araújo, sendo denominado pelo prefeito Benjamin Maranhão Neto de “Centro Cultural e Social Professor Arnaldo Rodrigues”, nomenclatura que reverencia um antigo professor do município. Infelizmente com o passar das gestões, até mesmo a função cultural, ficou aquém do que a sociedade merecia, e o prédio caiu novamente em estado de inércia.
Com tanto menosprezo pelo prédio acabamos conhecendo os versos do velho Borges, que ao ver o abandono do velho mercado décadas atrás, dizia:
“Oh Araruna ingrata
Que mal ele fez a tu ?
Num dia desse de festa
Até as casa se veste
Só o Mercado Véio anda nu!”
Após, um novo período de pouca movimentação, este centro de cultura é reaberto e reapresentado a população, como espaço para apresentações culturais e artísticas, tendo como forma de aliar sua grande história e importância pra vida urbana e social de Araruna, sendo nomeado de Mercado Cultural, continuando e aprofundando sua função como centro cultural da cidade, onde todos os finais de semana é realizado um evento que cada dia vem se consolidando, o “Domingo no Mercado – Cultura com Lazer”, pensado e posto em prática pelo prefeito Vital Costa neste ano de 2017.
O Velho Mercado de Araruna, é sem dúvida, a construção que mais contribuiu com o progresso urbano da cidade, e onde muitos dos episódios da vida cotidiana de nossa sociedade aconteceram, sua importância é grandiosa, sendo um dos mais conhecidos cartões postais da cidade, lugar que nos faz rememorar muitas reminiscencias.
Por: Wellington Rafael
Referências: O velho mercado de Araruna e seus arredores. 1996. LUCENA. H.F.
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